Continuando a série sobre os cinco pontos do Calvinismo, chegamos ao último ponto, que, para muitas pessoas, é um dos mais polêmicos. Salvação, se perde ou não? Lembrando mais uma vez que para um entendimento melhor é importante que se leia os outros pontos antes para ter uma compreensão mais integrada da questão (Veja aqui)
A QUEDA DA GRAÇA
CONTRASTADA COM A PERSEVERANÇA DOS SANTOS
Arminianismo: Aqueles que crêem e
são verdadeiramente salvos podem perder sua salvação por não guardar a sua fé.
Nem todos os arminianos concordam com este ponto. Alguns sustentam que os
crentes estão eternamente seguros em Cristo; que o pecador, uma vez regenerado,
nunca pode perder a sua salvação.
Calvinismo: Todos aqueles que
são escolhidos por Deus e a quem o Espírito concedeu a fé, são eternamente
salvos. São mantidos na fé pelo poder do Deus Todo Poderoso e nela perseveram
até o fim.
E. PERSEVERANÇA DOS SANTOS OU SEGURANÇA DOS CRENTES
Os eleitos não são apenas redimidos por Cristo e regenerados pelo Espírito; eles são mantidos na fé pelo infinito poder de Deus. Todos os que são unidos espiritualmente a Cristo, através da regeneração, estão eternamente seguros nEle. Nada os pode separar do eterno e imutável amor de Deus. Foram predestinados para a glória eterna e estão, portanto, assegurados para o céu.
A doutrina da perseverança dos santos não mantém que todos que
professam a fé cristã estão garantidos para o céu. São os santos - os que são
separados pelo Espírito - os que perseveram até o fim. São os crentes - aqueles
que recebem a verdadeira e viva fé em Cristo - os que estão seguros e salvos
nEle. Muitos que professam a fé cristã caem, mas eles não caem da graça pois
nunca estiveram na graça. Os crentes verdadeiros caem em tentações e cometem
graves pecados, às vezes, mas esses pecados não os levam a perder a salvação ou
a separá-los de Cristo. A Confissão de Fé de Westminster diz o seguinte a
respeito dessa doutrina: "Os que
Deus aceitou em seu Bem-amado, os que ele chamou eficazmente e santificou pelo
seu Espírito, não podem decair no estado da graça, nem total, nem finalmente;
mas, com toda a certeza hão de perseverar nesse estado até o fim e serão
eternamente salvos" (XVII, 1)( Ref. Fil. 1: 6; João 10: 28-29; I Ped. 1:5, 9).
Boettner certamente
está correto em afirmar que "essa
doutrina não se manifesta isoladamente, mas é uma parte necessária do sistema
calvinista de teologia. As doutrinas da Eleição e da Graça Eficaz implicam
logicamente na salvação certa daqueles que recebem essas bênçãos. Se Deus
escolheu homens de modo absoluto e incondicional para a vida eterna, e se o Seu
Espírito efetivamente aplica-lhes os benefícios da redenção, a conclusão
inevitável é que essas pessoas serão salvas" (op. cit., p.182).
Os Calvinistas sustentam muito simplesmente que a salvação desde
que é obra realizada inteiramente pelo Senhor – e que o homem nada tem a fazer
antes, absolutamente, “para ser salvo” -, é óbvio que o “permanecer salvo” é,
também, obra de Deus, à parte de qualquer bem ou mal que o eleito possa
praticar. Os eleitos “perseverarão” pela simples razão de que Deu prometeu
completar em nós a obra que ele começou. Por isso, os cinco pontos de TULIP
incluem a “Perseverança dos Santos”.
Sim, os santos perseverarão porque o Senhor declara que quer
perseverar em favor deles, e quer guardá-los! Se a perseverança depende do
homem volúvel, com sua pecaminosa natureza decaída, então ele não tem
esperança. A perseverança dos santos depende da graça irresistível que nos é
assegurada porque Cristo morreu por nós, uma vez que a expiação que temos, por
seu sangue, é limitada aos eleitos. Essa eleição, graças a Deus, não está
baseada em qualquer condição de bem pré-conhecido por nós, pois “bom não há sequer um”! Pela graça de
Deus, a eleição é incondicional e não se pode encontrar nenhuma condição por
parte do homem, visto que ele é totalmente depravado, Isto é, totalmente
incapaz de exercer boa vontade para com Deus, totalmente impotente para, por
isso mesmo, alcançar a vida ou, por sua livre vontade, totalmente incapaz de
livrar-se do super poder do deus da morte.
Os seguintes versículos mostram que o povo de Deus
recebe a vida eterna no momento em que crê. Estes são guardados pelo poder de
Deus mediante a fé e nada os pode separar do Seu amor. Foram selados com o
Espírito Santo que lhes foi dado como garantia de sua salvação e, desta forma,
estão assegurados para uma herança eterna:
Is 43.1-3 Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó
Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.
Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te
submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em
ti. Eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de
Israel, o teu Salvador; por teu resgate dei o Egito, e em teu lugar a Etiópia e
Seba.
Is 54.10 Pois as montanhas se
retirarão, e os outeiros serão removidos; porém a minha benignidade não se
apartará de ti, nem será removido ao pacto da minha paz, diz o Senhor, que se
compadece de ti.
Jr 32.40 e farei com eles um pacto
eterno de não me desviar de fazer-lhes o bem; e porei o meu temor no seu
coração, para que nunca se apartem de mim.
Mt 18.12-14 Que vos parece? Se alguém
tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará as noventa e nove nos
montes para ir buscar a que se extraviou? E, se acontecer achá-la, em verdade
vos digo que maior prazer tem por esta do que pelas noventa e nove que não se
extraviaram. Assim também não é da vontade de vosso Pai que está nos céus, que
venha a perecer um só destes pequeninos.
Jo 3.16 Porque Deus amou o mundo de
tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna.
Jo 3.36 Quem crê no Filho tem a
vida eterna; o que, porém, desobedece ao Filho não verá a vida, mas sobre ele
permanece a ira de Deus.
Jo 5.24 Em verdade, em verdade vos
digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida
eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida.
Jo 6.35-40 Declarou-lhes Jesus. Eu sou
o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim
jamais terá sede. Mas como já vos disse, vós me tendes visto, e contudo não
credes. Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma
o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a
vontade daquele que me enviou. E a vontade do que me enviou é esta: Que eu não
perca nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último
dia. Porquanto esta é a vontade de meu Pai: Que todo aquele que vê o Filho e
crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
Jo
6.47 Em verdade, em verdade vos digo:
Aquele que crê tem a vida eterna.
Jo 10.27-30 As minhas ovelhas ouvem a
minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem; eu lhes dou a vida eterna, e
jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é
maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai
somos um.
Jo 17.11-12 Eu não estou mais no mundo;
mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda-os no teu nome, o
qual me deste, para que eles sejam um, assim como nós. Enquanto eu estava com
eles, eu os guardava no teu nome que me deste; e os conservei, e nenhum deles
se perdeu, senão o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.
Jo
17.15 Não rogo que os tires do mundo,
mas que os guardes do Maligno.
Rm 5.8-10 Mas Deus dá prova do seu
amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por
nós. Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele
salvos da ira. Porque se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com
Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos
salvos pela sua vida.
Rm 8.1 Portanto, agora nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
Rm 8.29-30 Porque os que dantes
conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a
fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a
estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que
justificou, a estes também glorificou.
Rm 8.35-39 quem nos separará do amor
de Cristo? a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a
nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos
entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro.
Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados,
nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades, nem a altura, nem a
profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus,
que está em Cristo Jesus nosso Senhor.
I Co 1.7-9 de maneira que nenhum dom
vos falta, enquanto aguardais a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, o
qual também vos confirmará até o fim, para serdes irrepreensíveis no dia de
nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a
comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor.
I Co 10.13 Não vos sobreveio nenhuma
tentação, senão humana; mas fiel é Deus, o qual não deixará que sejais tentados
acima do que podeis resistir, antes com a tentação dará também o meio de saída,
para que a possais suportar.
II Co 4.14 sabendo que aquele que
ressuscitou o Senhor Jesus, nos ressuscitará a nós com Jesus, e nos apresentará
convosco.
II Co 4.17 Porque a nossa leve e
momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno
peso de glória;
Ef 1.5 e nos predestinou para
sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito
de sua vontade,
Ef 1.13-14 no qual também vós, tendo
ouvido a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, e tendo nele também
crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa, o qual é o penhor da
nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para o louvor da sua glória.
Ef 4.30 E não entristeçais o
Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.
Cl 3.3-4 porque morrestes, e a vossa
vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se
manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória.
I Ts 5.23-24 E o próprio Deus de paz vos
santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente
conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o
que vos chama, e ele também o fará.
II Tm 4.18 E o Senhor me livrará de
toda má obra, e me levará salvo para o seu reino celestial; a quem seja glória
para todo o sempre. Amém.
Hb 9.12 e não pelo sangue de bodes
e novilhos, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo
lugar, havendo obtido uma eterna redenção.
Hb 9.15 E por isso é mediador de um
novo pacto, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões
cometidas debaixo do primeiro pacto, os chamados recebam a promessa da herança
eterna.
Hb 10.14 Pois com uma só oferta tem
aperfeiçoado para sempre os que estão sendo santificados.
Hb 12.28 Pelo que, recebendo nós um
reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus
agradavelmente, com reverência e temor;
I Pe 1.3-5 Bendito seja o Deus e Pai
de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos
regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível,
reservada nos céus para vós, que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a
fé, para a salvação que está preparada para se revelar no último tempo;
I Jo 2.19 Saíram dentre nós, mas não
eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas
todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos.
I Jo 2.25 E esta é a promessa que ele
nos fez: a vida eterna.
I Jo 5.4 porque todo o que é nascido
de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.
I Jo 5.11-13 E o testemunho é este: que
Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem
a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevo,
a vós que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida
eterna.
I Jo 5.20 Sabemos também que já veio
o Filho de Deus, e nos deu entendimento para conhecermos aquele que é
verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus
Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.
Jd 1.24-25 Ora, àquele que é poderoso
para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos ante a sua glória imaculados e
jubilosos, ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor,
glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, e agora, e para
todo o sempre. Amém.
Sumário dessas Posições:
De acordo com o Arminianismo: A salvação é realizada através da combinação de esforços de Deus
(que toma a iniciativa) e do homem (que deve responder a essa iniciativa). A
resposta do homem é o fator decisivo (determinante). Deus tem providenciado
salvação para todos, mas Sua provisão só se torna efetiva (eficaz) para aqueles
que, de sua própria e livre vontade, “escolhem” cooperar com Ele e aceitar Sua
oferta de graça. No ponto crucial, a vontade do homem desempenha um papel
decisivo. Desta forma é o homem, e não Deus, que determina quem será o
recipiente do dom da salvação.
Este era o sistema de
doutrina apresentado na “Remonstrance” (Representação) dos Arminianos e
rejeitado pelo Sínodo de Dort em 1619, por não ser bíblico.
De acordo com o Calvinismo: A salvação é realizada pelo infinito poder do Deus Triuno. O Pai
escolheu um povo, o Filho morreu por ele e o Espírito Santo torna a morte de
Cristo eficaz para trazer os eleitos à fé e ao arrependimento; desse modo,
fazendo-os obedecer voluntariamente ao evangelho. Todo o processo (eleição,
redenção, regeneração, etc.) é obra de Deus e é operado tão somente pela graça.
Desta forma, Deus e não o homem, determina quem serão os recipientes do dom da
salvação.
Este sistema de
teologia foi reafirmado pelo Sínodo de Dort em 1619 como sendo a doutrina da
salvação contida nas Escrituras Sagradas. É o sistema apresentado na Confissão
de Fé de Westminster e em todas as Confissões Reformadas. Na época do Sínodo de
Dort foi formulado em “cinco pontos” (em resposta aos cinco pontos submetidos
pelos arminianos à Igreja da Holanda) e têm sido, desde então, conhecidos como
“os cinco pontos do Calvinismo”.
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“Eu sou
cativo da Palavra de Deus! Não posso fazer outra coisa! Aqui eu permaneço!”
Lutero
Para elaborar esse estudo usei amplamente os livros: TULIP – Os cinco pontos do Calvinismo à Luz das Escrituras (Editora Parakletos) de Duane Edward Spencer (pode ser encontrado aqui), e Os Cinco Pontos do Calvinismo (Tradução livre e adaptada do livro The Five Points of Calvinism - Defined, Defended, Documented, de David N. Steele e Curtis C. Thomas, Partes I e II, [Presbyterian & Reformed Publishing Co, Phillipsburg, NJ, USA.], feita por João Alves dos Santos) (o segundo pode ser encontrado aqui)
Outros Recursos:
http://www.youtube.com/watch?v=Sy0e8Ok53S0
– John Piper sobre Depravação Total e Graça Irresistível
http://www.youtube.com/watch?v=AjxJdjFmh2M
– John Piper sobre Eleição Incondicional
http://www.igrejaesperanca.org.br/podcast/series/3-os-canones-de-dort
- Pr. Guilherme de Carvalho explica os 5 pontos.
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"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."
Agostinho de Hipona