15 de jul. de 2012

Disney, Dali e a cultura contemporânea

Estamos vivendo uma nova época na história da humanidade. Talvez a cena de abertura do filme "O Senhor dos Anéis" diga isso muito  melhor do que eu: "O mundo mudou... Sinto-a na água. Sinto-a na terra. Cheiro-a no ar. Muito do que um dia foi, se perdeu, pois não há ninguém vivo que se lembre."

Claro, ainda há muitas discussões quanto à terminologia correta a ser usada para descrever esse novo período em que vivemos. Termos como hiper-modernismo ou modernidade tardia talvez sejam melhores para descrever a situação atual do que o mais conhecido pós-modernismo, mas esse não é o ponto que quero abordar aqui (e nem me sinto qualificado para fazê-lo).

Quando olhamos para a história recente vemos que essa mudança já vem se desenhando há algum tempo. Nos anos 60 homens como Francis Schaeffer já a denunciaram, mas características já começam a ser encontrados em meados do século XX, em homens como  Derrida e Foucault e o desconstrucionismo hermenêutico. Nas artes isso também é, e foi, muito evidente: no teatro pode-se lembrar de Samuel Beckett e o teatro do absurdo, na música, compositores como Debussy e Cage fizeram músicas muito diferentes (para não dizer bizarras), no cinema pode-se falar de diretores com Antonioni e Bergman, e na pintura lembramos, por exemplo,  de Pablo Picasso e Salvador Dalí.

Lentamente o mundo foi se acostumando aos valores dessa nova era, através dos filmes, pinturas, músicas e de tudo que aconteceu desde então.

Eu desconhecia, no entanto, a influência de Dali no cinema infantil, mais especificamente, naquele com o qual todos nós crescemos: Walt Disney. Por algum tempo houve uma grande amizade e  parceria entre Disney e Dali que, inclusive, trabalharam juntos em alguns projetos. Houve, entretanto, uma desavença entre os dois e os projetos foram engavetados. A coisa parece ter sido feia pois o nome de Dali foi, inclusive, tirado dos créditos de um dos filmes que, mais tarde, foi lançado e no qual  ele teve grande participação: Alice no País das Maravilhas (como eu nunca tinha notado isso???).

Houve outro projeto que ficou engavetado por longos anos, até que, em 2003 o sobrinho de Walt, Roy Disney, descobriu-o e decidiu levar o projeto a frente com uma nova gravação da música tema "Destino" na voz da espanhola Dora Luz (a original era do mexicano Armando Dominguez). Além disso, teve a  ajuda da viúva de Dali, do artista original que trabalhou no projeto junto de Dali, John Hench, e muitos outros. É um video com muita, mas muita, influência de Salvador Dali.

O video conta a história de amor de Chronos, deus grego que é a personificação do tempo, e uma mulher mortal, ou seja, um amor impossível daqueles, muito comum na mitologia grega. O resultado tem a conhecida qualidade Disney e o surrealismo total de Dali. O filme foi premiado como melhor curta em diversos festivais. Assista:
 


Achei interessante ver essa influência, pois sempre discutimos esses conceitos em filmes muito "adultos" e muitas vezes esquecemos de ver os valores que estão inseridos nos filmes que as crianças assistem. Não, não sou do tipo que vai te dizer que filmes da Disney são terríveis e não deveriam ser assistidos. Eu os assisti por toda a infância e acho que me saí razoávelmente bem (tá, reconheço meu problemas, mas não foram causados pela Disney). Além disso, na verdade, Alice no Pais das Maravilhas está entre os meus filmes favoritos da Disney (atrás do Rei Leão, esse sim marcou a minha infância, devo ter visto mais de 100 vezes), exatamente por causa das bizarrices que, descobri agora, são frutos, então, do envolvimento de Dali. E devo dizer que achei o "Destino" um filme muito interessante também.

Na verdade, escrevo esse texto sem realmente saber onde vou. Não tenho uma conclusão fantástica, uma lição de moral ou uma carta na manga para terminar. Comecei a escrever ao ver o vídeo "Destino" e juntei com algumas idéias e informações que já tinha em mente, meio como alerta, meio a nível de curiosidade, meio por paixão cinéfila, meio por costume schaefferiano de analisar os produtos culturais...  

Talvez esse último seja o meu ponto aqui. Vamos olhar ao nosso redor, buscar entender a nossa cultura para podermos apresentar a resposta cristã de forma real e relevante na nossa época, onde esses são os valores das pessoas que encontramos na rua, nos estudos e no trabalho... Se vamos fazer o que tanto falamos, ou citamos, "não nos conformar com esse século" (ou essa era, aeion em grego), precisamos saber qual é a nossa era...


Algumas informações a mais sobre a parceria entre Disney e Dali:

http://semioticas1.blogspot.com.br/2012/07/alice-volta-ao-futuro.html
http://www.getro.com.br/2011/11/destino/



13 de jul. de 2012

13 de Julho - Dia Internacional do Rock




Hoje é o dia internacional do Rock, certamente um dos estilos musicais mais controversos da história. Pouco compreendido, especialmente pelos crentes, o estilo se desenvolveu desde os anos de 1950, com Chuck Berry, Little Richard e o rebolado do rei Elvis Presley até hoje, quando essa árvore, que tem raízes no blues, jazz e country, além da música erudita, se desenvolveu em tantas ramificações diversificadas que se tornaram quase árvores independentes.

Dia 13 de julho se tornou o dia internacional (ou mundial) do Rock, pois foi nesse dia que aconteceu o  Live Aid 1985, em que muitos grandes astros do Rock se juntaram para fazerem a sua música em prol dos  famintos na Etiopia. Dois gigantescos shows aconteceram ao mesmo tempo. Um na Filadélfia, EUA, e outro no estádio Wembley na  Inglaterra, além de eventos menores em Sidney, Moscou e no Japão. Aproximadamente 200 mil pessoas assistiram aos shows nos diversos locais, além de mais 1.5 bilhão de pessoas que assistiram pela televisão em mais de 100 países.
É interessante que os artistas se esforçaram tanto nas apresentações que a apresentação do Queen foi eleita a melhor apresentação ao vivo de uma banda já realizada. Outro momento que marcou a história foi quando a corda do violão de Dylan arrebentou e outro guitarrista lhe emprestou a dele, ficando no palco tocando o famoso Air Guitar.
Alguns famosos que participaram dos shows, que, alias, arrecadaram mais de 150 milhões de libras, foram: Queen, Phil Collins, Sting, U2, Dire Straits, David Bowie, The Who, Elton John, Paul McCartney, Joan Baez, B.B. King, Black Sabbath, Mick Jagger, Judas Priest, Madonna, Eric Clapton, Led Zeppelin, Bob Dylan e muitos (mas muitos) outros.
Os shows foram encerrados com as apresentações das músicas anti-fome oficiais: Do they know its Christmas? e We are the World

    


Ainda hoje, no entanto, sofre de grandes preconceitos no meio evangélico, especialmente por não compreendermos o que o KISS entendeu no video acima: Deus nos deu o rock. A idéia de que o diabo é o pai do Rock (ou de qualquer coisa) não encontra qualquer base bíblica (na verdade, muitas vezes, os crentes estão citando o Raúl Seixas, sem saberem, dizendo que o diabo é o pai do rock...). A Bíblia diz que Deus criou todas as coisas e viu que era bom. Assim, não há nada que seja intrinsecamente mal. O que acontece com a Queda é que todas as coisas foram pervertidas pelo pecado. Assim, não apenas o Rock, mas todos os estilos musicais estão caidos e precisam ser redimidos na grande redenção de "todas as coisas" (Col. 1.20).
Devemos, portanto, mudar a nossa forma de pensar a respeito do rock. Mudar o artista que citamos inconscientemente, para o Zeca Baleiro, dizendo: "Todo mundo vai pirar com o Heavy Metal do Senhor!" Como? Em primeiro lugar, entendendo que o rock não é um ritmo maligno e segundo, produzindo música de qualidade, tanto musical como nas letras. E, como o Petra no video abaixo, aprender a dialogar com a incrível quantidade de coisa boa que tem por ai.