Chegamos ao terceiro ponto, que é certamente um
dos mais polêmicos: A expiação limitada. Para entender este ponto, é importante
ler os outros posts que já escrevi, com uma introdução e os primeiros dois
pontos (aqui, aqui e aqui).
A REDENÇÃO UNIVERSAL OU EXPIAÇÃO GERAL CONTRASTADA COM A REDENÇÃO
PARTICULAR OU EXPIAÇÃO LIMITADA
Arminianismo: A obra redentora de
Cristo tornou possível a salvação de todos, mas na verdade não assegurou a
salvação de ninguém. Embora Cristo tenha morrido por todos os homens, em geral,
e em favor de cada um, em particular, somente aqueles que crêem nEle são
salvos. A morte de Cristo capacitou a Deus a perdoar pecadores na condição de
que creiam, mas na verdade não removeu (expiou) o pecado de ninguém. A redenção
de Cristo só se torna efetiva se o homem escolhe aceitá-la.
Calvinismo: A obra redentora de
Cristo foi intencionada para salvar somente os eleitos e, de fato, assegurou a
salvação destes. Sua morte foi um sofrimento substitucionário da penalidade do
pecado no lugar de certos pecadores específicos. Além de remover o pecado do
Seu povo, a redenção de Cristo assegurou tudo que é necessário para a sua
salvação, incluindo a fé que os une a Ele. O dom da fé é infalivelmente
aplicado pelo Espírito a todos por quem Cristo morreu, deste modo, garantindo a
sua salvação.
C. REDENÇÃO
PARTICULAR OU EXPIAÇÃO LIMITADA
Como já foi observado,
a eleição em si não salva ninguém; apenas destaca alguns pecadores para a
salvação. Os que foram escolhidos pelo Pai e dados ao Filho precisam ser redimidos para serem salvos. Para
assegurar sua redenção, Jesus Cristo veio ao mundo e tomou sobre Si a natureza
humana para que pudesse identificar-Se com o Seu povo e agir como seu
representante ou substituto. Cristo, agindo em lugar do Seu povo, guardou
perfeitamente a lei de Deus e dessa forma produziu uma justiça perfeita a qual
é imputada ao Seu povo ou creditada a ele no momento em que cada um é trazido à
fé nEle. Através do que Ele fez, esse povo é constituído justo diante de Deus.
Os que constituem esse povo são libertos da culpa e condenação como resultado
do que Cristo sofreu por eles. Através do Seu sacrifício substitucionário Ele
sofreu a penalidade dos seus pecados e assim removeu sua culpa para sempre. Por
conseguinte, quando Seu povo é unido a Ele pela fé, é-lhe creditada perfeita
justiça pela qual fica livre da culpa e condenação do pecado. São salvos não
pelo que fizeram ou irão fazer, mas tão somente na base da obra redentora de
Cristo. O Calvinismo histórico tem mantido de modo consistente a convicção de
que a obra redentora de Cristo foi definida em desígnio e realização;
isto é, foi intencionada para render completa satisfação em favor de certos
pecadores específicos e que, de fato, assegurou a salvação a esses indivíduos e
a ninguém mais. A salvação que Cristo adquiriu para o Seu povo inclui tudo que
está envolvido no processo de trazê-lo a um correto relacionamento com Deus,
incluindo os dons da fé e do arrependimento. Cristo não morreu simplesmente
para tornar possível a Deus perdoar pecadores. Nem deixa Deus aos pecadores a
decisão se a obra de Cristo será ou não efetiva. Pelo contrário, todos aqueles
por quem Cristo morreu serão infalivelmente salvos. A redenção, portanto, foi
designada para cumprir o propósito divino da eleição.
Todos os calvinistas
concordam que a obediência e o sofrimento de Cristo são de valor infinito, e
que, se fosse o propósito de Deus, a satisfação rendida por Cristo teria
salvado todos os membros da raça humana. Não seria requerido de Cristo mais
obediência nem sofrimento maior para assegurar a salvação de todos os homens do
que foi requerido para a salvação apenas dos eleitos. Mas Ele veio ao mundo
para representar e salvar apenas aqueles que Lhe foram dados pelo Pai. Desta
forma, a obra salvadora de Cristo foi limitada no sentido em que foi designada
para salvar uns e não outros, mas não foi limitada em valor, pois seu valor é
infinito. Ela teria assegurado a salvação de todos, se essa tivesse sido a
intenção de Deus.
Os arminianos também
estabelecem uma limitação na obra expiatória de Cristo, mas de natureza
inteiramente diferente. Eles acreditam que a obra salvadora de Cristo foi
designada para tornar possível a salvação de todos os homens, desde que eles
creiam, e de que a morte de Cristo, em si mesma, não assegura ou garante a
salvação para ninguém. Desde que todos os homens serão salvos como resultado da
obra redentora de Cristo, deve-se admitir que há uma limitação. Essa limitação
consiste num desses dois pontos: ou a expiação foi designada para assegurar a
salvação para certos pecadores e não para outros, ou ela foi limitada no
sentido em que não foi intencionada para assegurar a salvação de ninguém, mas
apenas para tornar possível a Deus perdoar os pecadores na condição da fé. Em
outras palavras, a limitação deve ser colocada, em desígnio, na sua extensão, (não foi intencionada para todos), ou na
sua eficácia (ela não assegura a
salvação para ninguém).
Como Boettner
adequadamente observa, "para o
calvinista a expiação é como uma ponte estreita que atravessa todo o rio; para
o arminiano, é como uma grande e larga ponte que vai apenas até a metade do
caminho" (The Reformed Doctrine
of Predestination, p. 153). Desta
forma, são os arminianos que impõem uma limitação maior à obra de Cristo. Ou
seja, hipotéticamente falando, se todos rejeitassem a Cristo, Ele teria morrido
em vão, pois ninguém se salvaria.
Para o Calvinismo, Cristo morreu para salvar pessoas determinadas,
que lhe foram dadas pelo Pai desde toda a eternidade. Sua morte, portanto, foi
cem por cento bem sucedida, porque todos aqueles pelos quais Ele não morreu
receberão a justiça de Deus, quando forem lançados no inferno.
1. As Escrituras descrevem o fim intencionado e
realizado pela obra de Cristo como a salvação completa do Seu povo.
(reconciliação, justificação e santificação).
a)
As Escrituras declaram que Cristo veio, não para capacitar os
homens a se salvarem a si mesmos, mas para salvar pecadores:
Mt 1.21 ela dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS; porque ele salvará o
seu povo dos seus pecados.
Lc 19.10 Porque o Filho do homem
veio buscar e salvar o que se havia perdido.
II Cr 5.21 Àquele que não
conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos
justiça de Deus.
Gl 1.3-4 Graça a vós, e paz
da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo, o qual se deu a si mesmo
por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade
de nosso Deus e Pai,
I Tm 1.15 Fiel é esta palavra
e digna de toda a aceitação; que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os
pecadores, dos quais sou eu o principal;
Ti 2.14 que se deu a si mesmo
por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo todo
seu, zeloso de boas obras.
I Pe 3.18 Porque também Cristo morreu
uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo,
na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito;
b) As Escrituras
declaram que, como resultado do que Cristo fez e sofreu., Seu povo é
reconciliado com Deus, justificado, e recebe o Espírito Santo que o regenera e
santifica. Todas essas bênçãos foram asseguradas por Cristo mesmo, ao Seu povo.
l) Cristo, pela Sua obra redentora, assegurou a
reconciliação ao Seu povo:
Rm 5.10-11 Porque se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus
pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos
pela sua vida. E não somente isso, mas também nos gloriamos em Deus por nosso
Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora temos recebido a reconciliação.
II Co
5.18-19 Mas todas as coisas provêm de
Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério
da reconciliação; pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo,
não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da
reconciliação.
Ef
2.15-16 isto é, a lei dos mandamentos
contidos em ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois um novo homem, assim
fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um só corpo, tendo por
ela matado a inimizade;
Cl
1.21-22 A vós também, que outrora
éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo
vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele vos
apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis,
2) Cristo assegurou a justiça e o perdão que
Seu povo necessita para a sua justificação.
Rm 3.24-25 sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção
que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu
sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado
de lado os delitos outrora cometidos;
Rm 5.8-9 Mas Deus dá prova do
seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por
nós. Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele
salvos da ira.
I Co 1.30 Mas vós sois dele, em
Cristo Jesus, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e
santificação, e redenção;
Gl 3.13 Cristo nos resgatou
da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito
todo aquele que for pendurado no madeiro;
Cl 1.13-14 e que nos tirou do
poder das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado; em quem
temos a redenção, a saber, a remissão dos pecados;
Hb 9.12 e não pelo sangue de
bodes e novilhos, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo
lugar, havendo obtido uma eterna redenção.
I Pe 2.24 levando ele mesmo
os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que mortos para os
pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.
3) Cristo assegurou o
dom do Espírito, o qual inclui regeneração e santificação e tudo que está
incluído nessas graças:
Ef 1.3-4 Bendito seja o Deus e Pai
de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos
espirituais nas regiões celestes em Cristo; como também nos elegeu nele antes
da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor;
Fl 1.29 pois vos foi concedido, por amor de Cristo,
não somente o crer nele, mas também o padecer por ele,
At 5.31 sim, Deus, com a sua destra, o elevou a
Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão de pecados.
Ti 2.14 que se deu a si mesmo
por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo todo
seu, zeloso de boas obras.
Ti 3.5-6 não em virtude de obras de justiça que nós
houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou mediante o lavar
da regeneração e renovação pelo Espírito Santo, que ele derramou abundantemente
sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador;
Ef 5.25-26 Vós, maridos, amai a vossas mulheres, como
também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, a fim de a
santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela palavra,
I Co 1.30 Mas vós sois dele,
em Cristo Jesus, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e
santificação, e redenção;
Hb 9.14 quanto mais o sangue de Cristo, que pelo
Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará das obras
mortas a vossa consciência, para servirdes ao Deus vivo?
Hb 13.12 Por isso também Jesus, para santificar o
povo pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta.
I Jo 1.7 mas, se andarmos na luz, como ele na luz
está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos
purifica de todo pecado.
2. Passagens que apresentam o Senhor Jesus Cristo, em
tudo que Ele fez e sofreu pelo Seu povo, como cumprindo os termos de um pacto
ou concerto gracioso no qual entrou com Seu Pai celestial antes da fundação do
mundo:
a) Jesus foi enviado
ao mundo pelo Pai para salvar o povo que o Pai Lhe deu. Os que o Pai Lhe deu
vêm a Ele e nenhum deles se perderá:
Jo 6.35-40 Declarou-lhes Jesus. Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de
modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede. Mas como já vos
disse, vós me tendes visto, e contudo não credes. Todo o que o Pai me dá virá a
mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora. Porque eu desci do
céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a
vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que
me deu, mas que eu o ressuscite no último dia. Porquanto esta é a vontade de
meu Pai: Que todo aquele que vê o Filho e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o
ressuscitarei no último dia.
b) Jesus, como o bom
Pastor, dá a Sua vida pelas Suas ovelhas. Todos os que são Suas ovelhas são
trazidos por Ele ao aprisco, levadas a ouvir a Sua voz e a seguí-lo. Notemos
que o Pai tem dado as ovelhas a Cristo!
Jo 10.11 Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.
Jo 10.14-18 Eu sou o bom pastor;
conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu
conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Tenho ainda u s@veli1w0!pf+mv˃k(estc|,aRisco; a essas também me importa conduzir, e elas ouvirão a minha voz; e
haverá um rebanho e um pastor. Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida
para a retomar. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho
autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento
recebi de meu Pai.
Jo 10.24-29 Rodearam-no, pois, os
judeus e lhe perguntavam: Até quando nos deixarás perplexos? Se tu és o Cristo,
dize-no-lo abertamente. Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo disse, e não credes. As
obras que eu faço em nome de meu Pai, essas dão testemunho de mim. Mas vós não
credes, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha
voz, e eu as conheço, e elas me seguem; eu lhes dou a vida eterna, e jamais
perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior
do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.
c) Jesus, em Sua
oração sacerdotal, roga não pelo mundo mas por aqueles que o Pai lhe dera. Em
cumprimento à tarefa dada pelo Pai, Jesus realizou a Sua obra. Essa obra era
tornar Deus conhecido do Seu povo e dar-lhe a vida eterna:
Jo 17.1-11 Depois de assim falar, Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é
chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o Filho te glorifique;
assim como lhe deste autoridade sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a
todos aqueles que lhe tens dado. E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti,
como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste. Eu te
glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer. Agora, pois,
glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha
contigo antes que o mundo existisse.
Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus, e tu
mos deste; e guardaram a tua palavra. Agora sabem que tudo quanto me deste
provém de ti; porque eu lhes dei as palavras que tu me deste, e eles as
receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me
enviaste. Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me tens
dado, porque são teus; todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são
minhas; e neles sou glorificado. Eu não estou mais no mundo; mas eles estão no
mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda-os no teu nome, o qual me deste, para
que eles sejam um, assim como nós.
Jo 17.20 E rogo não somente por
estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim;
Jo 17.24-26 Pai, desejo que onde eu
estou, estejam comigo também aqueles que me tens dado, para verem a minha glória,
a qual me deste; pois que me amaste antes da fundação do mundo. Pai justo, o
mundo não te conheceu, mas eu te conheço; conheceram que tu me enviaste; e eu
lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer ainda; para que haja neles
aquele amor com que me amaste, e também eu neles esteja.
d) Paulo declara que
todas as "bênçãos espirituais" que os santos herdam, tais como
filiação, redenção, perdão de pecados, etc., resultam do fato de estarem
"em Cristo", e liga essas bênçãos à sua fonte última - o eterno
conselho de Deus - onde repousa a grande bênção de terem sido escolhidos em
Cristo antes da fundação do mundo para serem filhos de Deus, por meio dEle:.
Ef 1.3-12 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos
abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo; como
também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de
adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,
para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado; em
quem temos a redenção pelo seu sangue, a redenção dos nossos delitos, segundo
as riquezas da sua graça, que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria
e prudência, fazendo-nos conhecer o mistério da sua vontade, segundo o seu
beneplácito, que nele propôs para a dispensação da plenitude dos tempos, de
fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as
que estão na terra, nele, digo, no qual também fomos feitos herança, havendo
sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas segundo
o conselho da sua vontade, com o fim de sermos para o louvor da sua glória,
nós, os que antes havíamos esperado em Cristo;
e) O paralelo que
Paulo estabelece entre a obra condenatória de Adão e a obra salvadora de Jesus
Cristo, o "segundo Adão", pode ser melhor explicado na base do
princípio de que ambos figuravam numa relação pactual com o "seu
povo". Adão figurava como o cabeça federal da raça e Cristo como o cabeça
federal dos eleitos. Assim como Adão envolveu o seu povo na morte e condenação
pelo seu pecado, assim também Cristo trouxe justiça e vida ao Seu povo através
de Sua justiça (retidão):
Rm 5.12 Portanto, assim como por um
só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte
passou a todos os homens, porquanto todos pecaram.
Rm 5.17-19 Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a
reinar por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da
justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. Portanto, assim como por uma
só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por
um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e
vida. Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos foram
constituídos pecadores, assim também pela obediência de um muitos serão constituídos
justos.
3. Algumas passagens falam de Cristo morrendo por
"todos" os homens e de Sua morte como salvando "o mundo";
todavia, outras falam de Sua morte como sendo definida em desígnio, isto é,
para assegurar a salvação de um povo específico.
a) Há duas classes de
textos que falam da obra salvadora de Cristo em termos gerais: (1) As que
contém a palavra "mundo" (João 1:9, 29;3:16,17; 4:42; II Co 5:19; 1
João 2:1,2; 4:14 e (2) As que contêm a palavra "todos" (Rm 5:18;II Co
5:14,15; 1Tm 2:4-6; Hb 2:9;II Pe 3.9.
Jo 1.9 Pois a verdadeira luz, que
alumia a todo homem, estava chegando ao mundo.
Jo 1.29 No dia seguinte João
viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo.
Jo 3.19 E o julgamento é
este: A luz veio ao mundo, e os
homens amaram antes as trevas que a luz, porque as suas obras eram más.
Jo 3.16-17 Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo,
mas para que o mundo fosse salvo por
ele.
Jo 4.42 e diziam à mulher: Já
não é pela tua palavra que nós cremos; pois agora nós mesmos temos ouvido e
sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo.
II Co 5.19 pois que Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo, não imputando aos
homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação.
I Jo 2.1-2 Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo,
para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai,
Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não
somente pelos nossos, mas também pelos de todo
o mundo.
I Jo 4.14 E nós temos visto, e testificamos que o Pai
enviou seu Filho como Salvador do mundo.
Rm 5.18 Portanto, assim como por uma só ofensa veio
o juízo sobre todos os homens para
condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os
homens para justificação e vida.
II Co 5.14-15 Pois o amor de Cristo nos
constrange, porque julgamos assim: se um morreu por todos, logo todos morreram; e ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para
aquele que por eles morreu e ressuscitou.
I Tm 2.4-6 o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da
verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo
Jesus, homem, o qual se deu a si mesmo em resgate por todos, para servir de testemunho a seu tempo;
Hb 2.9 vemos, porém, aquele que foi feito um pouco
menor que os anjos, Jesus, coroado de glória e honra, por causa da paixão da morte,
para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.
II Pe 3.9 O Senhor não retarda a sua promessa, ainda
que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que
ninguém se perca, senão que todos
venham a arrepender-se.
Uma das razões para o uso dessas expressões era
corrigir a noção falsa de que a salvação era apenas para os judeus. Frases como
"o mundo", "todos os homens", "todas as nações",
"toda criatura”, eram usadas para corrigir esse erro. Essas expressões
eram usadas para mostrar que Cristo morreu para todos os homens sem distinção
(i.e., Ele morreu tanto para judeus como para gentios), mas elas não pretendem
indicar que Cristo morreu por todos os homens, sem exceção (i.e., Ele não
morreu com o propósito de salvar todo e qualquer pecador perdido).
b) Há outras passagens
que falam de Sua obra salvadora em termos definidos e mostram que ela foi
intencionada para salvar infalivelmente um determinado povo, a saber. aqueles
que Lhe foram dados pelo Pai:
Mt 1.21 ela dará à luz um filho, a
quem chamarás JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.
Mt 26.28 pois isto é o meu sangue, o sangue do pacto,
o qual é derramado por muitos para remissão dos pecados.
Jo 10.11 Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua
vida pelas ovelhas.
Jo 11.50-53 nem considerais que vos
convém que morra um só homem pelo povo, e que não pereça a nação toda. Ora,
isso não disse ele por si mesmo; mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano,
profetizou que Jesus havia de morrer pela nação, e não somente pela nação, mas
também para congregar num só corpo os filhos de Deus que estão dispersos. Desde
aquele dia, pois, tomavam conselho para o matarem.
At 20.28 Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o
qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de
Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue.
Ef 5.25-27 Vós, maridos, amai a vossas mulheres, como
também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, a fim de a
santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela palavra, para
apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer
coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.
Rm 8.32-34 Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho
poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas
as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os
justifica; Quem os condenará? Cristo Jesus é quem morreu, ou antes quem
ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede
por nós;
Hb 2.17 Pelo que convinha que em tudo fosse feito
semelhante a seus irmãos, para se tornar um sumo sacerdote misericordioso e
fiel nas coisas concernentes a Deus, a fim de fazer propiciação pelos pecados
do povo.
Hb 3.1 Pelo que, santos irmãos, participantes da
vocação celestial, considerai o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão,
Jesus,
Hb 9.15 E por isso é mediador de um novo pacto, para
que, intervindo a morte para remissão das transgressões cometidas debaixo do
primeiro pacto, os chamados recebam a promessa da herança eterna.
Hb 9.28 assim também Cristo, oferecendo-se uma só
vez para levar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que
o esperam para salvação.
Ap 5.9 E cantavam um cântico novo, dizendo: Digno
és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu
sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação;
_______________________________________________________________________
Outros Recursos:
Outros Recursos:
http://www.youtube.com/watch?v=Sy0e8Ok53S0
– John Piper sobre Depravação Total e Graça Irresistível
http://www.youtube.com/watch?v=AjxJdjFmh2M
– John Piper sobre Eleição Incondicional
http://www.igrejaesperanca.org.br/podcast/series/3-os-canones-de-dort
- Pr. Guilherme de Carvalho explica os 5 pontos.
Para elaborar esse estudo usei amplamente os livros: TULIP – Os cinco pontos do Calvinismo à Luz das Escrituras (Editora
Parakletos) de Duane Edward Spencer (pode ser encontrado aqui), e Os Cinco Pontos do Calvinismo (Tradução livre e adaptada do livro The Five Points of Calvinism - Defined, Defended, Documented, de
David N. Steele e Curtis C. Thomas, Partes I e II, [Presbyterian & Reformed
Publishing Co, Phillipsburg, NJ, USA.], feita por João Alves dos Santos) (o segundo pode ser encontrado aqui)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."
Agostinho de Hipona